"Você pode não gostar, não concordar e até se ofender com o conteúdo aqui escrito. Você pode se expressar livremente, pode argumentar e quiçá mudar a minha opinião, pois enquanto eu viver, não posso e não pretendo ser definitiva. O que você não pode é tentar me impedir de dizer o que penso. Porque, embora eu ache que estejamos muito perto da censura, ainda posso dizer o que eu penso e você ainda pode fechar a janelinha no seu computador."


quinta-feira, 26 de março de 2020

Tá ok?




O problema não foi o que o Bolsonaro disse, mas a forma e o momento que escolheu para falar. Não me apegarei ao sentimentalismo e a comoção generalizada do atual momento. Quero me ater ao Bolsonaro. Há muito tempo venho tentado escrever algo sobre ele, mas são tantas coisas, tantos pontos, que a preguiça acaba me vencendo. De fato o Brasil não tem estrutura para segurar um arrocho econômico e vamos lembrar que a economia não cresceu como o esperado. Uma boa parte do nosso PIB é composta por microempreendedores acharcados por uma pesada carga tributária e  que em sua maioria não possuem capital de giro para bancar um período de árdua crise. Por outro lado, temos uma pandemia que poderia (e pode) afetar o nosso já precário sistema de saúde (lembrando que a maioria dos municípios  possuem recursos escassos e encontram-se longe dos grandes centros urbanos). O problema não está na letalidade do vírus e sim na propagação e na quantidade de pessoas que irão recorrer a este sistema. Estamos diante, portanto, de um dilema digno de um experimento de Bostyn. O que está errado aqui é a postura do Bolsonaro, que dia após dia, insiste em governar como se estivesse num grande churrasco da sua família. É a falta de tato do cara que escolhemos para liderar a nação (antes que me apareça aqui um esquerdista chato pra caralho para dizer que não votou nele, aviso que me refiro ao povo dentro do sistema democrático). Muita gente morreu ao redor do mundo, isso é um fato, não é uma conspiração da Rede Globo com o George Soros e os Reptilianos. Sabemos que a maioria de nós não pertence ao dito grupo de risco, e como havia dito anteriormente, não vou apelar indagando: " Mas e se fosse o seu avô, você ainda aplaudiria o mito?" Sendo o mais pragmática possível, pergunto: Diante de tantas mortes, como pode o chefe soberano de um país minimizar o problema em rede nacional da forma mais estapafúrdia possível? Como levar um cara deste a sério? Que credibilidade mundial este cara vai ter? Vamos analisar a longo prazo. Aliás, podemos analisar o que tem acontecido até aqui. Bolsonaro constantemente desautoriza os seus ministros, está sempre num "bate-boca" eterno com a imprensa brasileira, vive de picuinhas no Twitter e quando é cobrado (prerrogativa do cargo que exerce) se vitimiza, age como um perseguido político (nada muito diferente do que fazia o Molusco). Se tivesse agido como um líder sério no primeiro momento, talvez não chegássemos a este ponto. Mas preferiu tocar o seu rebanho num ato irresponsável (talvez só tivessem atletas naquelas manifestações, né?). Bolsonaro age como um monarca soberano, quer governar sozinho, ops, quer governar apenas com os seus pimpolhos. Não o vi se reunindo com os governadores dos Estados, buscando uma solução coletiva, para que todos falassem a mesma língua. Bolsonaro prefere agir como um bom populista (se eu falar que ele lembra o Molusco estarei sendo repetitiva?), fala direto para os fiéis eleitores, que o defendem cegamente a ponto de fazer a Família Manson parecer um bando de insubordinados. Em vários municípios há toque de recolher, há determinação judicial que impedem as pessoas de abrirem os seus comércios, de transitarem normalmente nas ruas. Como passar por cima disso? Como falar para o povo desobedecer? Como desacreditar as autoridades locais? Analisem este comportamento sem paixão. Devemos voltar a trabalhar? Óbvio! Mas precisamos de um plano, agir gradativamente, com responsabilidade e para isso, precisamos que os governantes estejam alinhados. Até quando teremos um presidente bonachão? Respondo: até quando existir uma plateia sedenta pelas suas mitadas. Turn Down for what!