"Você pode não gostar, não concordar e até se ofender com o conteúdo aqui escrito. Você pode se expressar livremente, pode argumentar e quiçá mudar a minha opinião, pois enquanto eu viver, não posso e não pretendo ser definitiva. O que você não pode é tentar me impedir de dizer o que penso. Porque, embora eu ache que estejamos muito perto da censura, ainda posso dizer o que eu penso e você ainda pode fechar a janelinha no seu computador."


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O que está acontecendo com a nossa escrita?


Sou usuária das redes sociais. Entendo perfeitamente que esta estrutura precisa de um certo dinamismo, o que acarreta em diversas abreviações. Abreviações não técnicas, um encurtamento da palavra, na tentativa de facilitar a digitação e consequentemente a comunicação. Pronto! Se alguém pretendia vir com este argumento, já era, acabei de refutá-lo, ou melhor dizendo, acabei de concordar com a necessidade das abreviações em textos informais, como este aqui. A minha pergunta, título deste texto, não se refere as abreviações, mas sim as aberrações que vemos por aí. Será que este ensino apostilado está realmente dando resultados? Aqui vão algumas aberrações: concerteza (tem a variação conserteza), ancioso, quizer, mais (usado com frequência como conjunção), talves, encomodar (esta incomoda), derrepente (com esta eu tenho um "causo"* que relatarei mais abaixo) e o cedilha usado demasiadamente em palavras como voçe, áçido e outras barbaridades. O futuro realmente está nas mãos destas pessoas? Ok. Acho que o que escrevi não é novidade para ninguém e ficar apenas apontando não vai ajudar em nada. Quando dou aula, corrijo, risco a palavra, faço escrever novamente e mesmo que esteja dando aula de matemática, não me importo. Professores, façam o mesmo. Pais, façam o mesmo, seja em qualquer faixa etária que esteja o seu filho, pois eles nunca esquecerão. Como mãe, corrijo a minha filha de 8 anos o tempo todo (sim, sou uma mala). Outro dia rabisquei a palavra "voutar" numa redação que ela havia escrito e a fiz escrever a palavra de forma correta no verso da folha. Numa reunião posterior, a professora totalmente condescendente (para não dizer inerte), me disse que eu estava sendo muito dura, e que a Júlia (minha filha) era muito pequena e que com o tempo aprenderia. Que porra de tempo é este? (não, eu não disse isso à professora). Pacientemente (minhas expressões faciais talvez não tenham demonstrado isso) disse a ela que o tempo para aprender é quando erramos (bonito isso, né? rsrs). Enfim, será que devemos ser tão tolerantes assim? Eu sei que o importante é comunicar (antes que me apareça um chato da linguística por aqui e vomite toda a sua "pedagogia"), que não podemos cobrar gramática e ortografia perfeitas (nem o Pasquale deve tê-las) de quem teve pouca oportunidade, de quem não teve acesso aos livros ou a uma instrução de qualidade, isso é uma questão de bom senso. Não estou dizendo que todos devemos ter uma escrita erudita, que devemos ser a reencarnação do Machado de Assis ou que temos que ocupar a ABL (se o Paulinho conseguiu, acho que não deve ser tão difícil...rs). O problema é que os erros aqui relatados são gritantes e distorcem completamente a Língua. Mas o que realmente me encomoda (brincadeirinha...rs). Agora sério: o que realmente me incomoda é que muitos destes erros são cometidos pela classe média, por pessoas com acesso ilimitado à internet, a aparelhos eletrônicos modernos, por jovens e adultos que estudaram em "boas escolas", pessoas graduadas, profissionais que estão no mercado. Ocorre uma grande despreocupação com tudo isso, uma imensa falta de carinho para escrever. E quem são os culpados: instituições, pais, professores ou todos nós? Não importa quem são os culpados, a solução sempre será encontrada na leitura e esta tem que ser incentivada (não interessa por quem) na infância, no processo de alfabetização e a correção tem que ser efetuada sempre. Como saberemos que erramos se não sabemos o jeito certo?


 P.S: o "causo"* foi o seguinte: expliquei em uma aula, que  a palavra "de repente" se escrevia separado e pedi encarecidamente aos alunos (3º ano do ensino médio, a um passo da faculdade) que nunca mais escrevessem junto. Até aí tudo bem, certo? Errado! Numa redação uma aluna escreveu "der repente!". Obviamente a corrigi e ela, muito contrariada, me indagou: - mas professora, a senhora disse que era separado! ( poker face)

P.S²: na primeira postagem que fiz neste blog, expliquei que vou escrever aqui de maneira informal, fazendo uso de reticências (abusando) e não usando parágrafos, pois quero escrever sem amarras. Prezar pela informalidade não é assassinar a escrita, é apenas deixar o texto menos técnico (e começar as frases com pronome oblíquo...hehe). O título da primeira postagem é "Estreia" (eu sei que sou super criativa). Não sou dona da verdade (apenas na maioria das vezes...rs) e também erro (bem pouco...rs). Não tenho problema em ser corrigida, pois gosto de saber a maneira certa.

3 comentários:

  1. Pelo menos, a personagem do causo se esforçou!
    Boa, Ju! Concordo que a praticidade não pode ser desculpa para banalizarmos o assassinato da nossa gramática.
    Tal homicídio só evidencia a quantas anda a nossa educação,nosso calcanhar de Aquiles, agredindo os olhos ao lermos essas atrocidades e repercutindo na inconsciência social que vivemos.

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  2. ...bem lembrado que, quando uma pessoa de classe mais humilde, ou geralmente de mais idade se refere ao "córrego" como "corgo", esta com certeza é alvo de chacotas do "futuro da nação" aqui mencionado.
    #indiguina.

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  3. Obrigada pelos comentários, meninas...Aceito ideias para próximas postagens...

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